quarta-feira, 13 de abril de 2016

Caminhei...

...voltei ao jardim como de costume, de manhã, bem cedo. Era um hábito acordar cedo e regar as que ainda estavam lá. Enchia o regador, não com muito, com pouco, ao que servia já era suficiente. Devagar, de modo não ligeiro, regando uma a uma, sem pressa, sem receio, alimentando-as não de tudo, mas do que precisavam, de vida, de éter.
Uma a uma olhavam-me, curiosas, estranhando minha presença, indagando a constante ausência. Dei-lhes o que podia, não era muito, mas era o que tinha naquele momento, dei-lhes de afeto. Era suficiente, o bastante.
         Ao fundo, a maçã, outrora dada aos pequenos, que ali vinham e que tão pouco exigiam. Retribuía-lhes a visita, e agraciava-lhes com tão pequena oferta. Viam, comiam, e tão breve retornavam. Aquele jardim era deles, e eles ao jardim serviam.

Penso, logo não me esqueço...


... quando pensei em Lobato, imaginei inúmeros seres, em ambientes, em lugares, em espaços, a falar coisas diferentes, distintas, a falar o que eu nem compreendia. E todos eles falavam em vozes, que entre eles todos entendiam, havia conexão. De modo que comunicar é transferir aquilo que se tem àquele que espera algo, espera uma completude, penso e recomeço.