quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Giramundo


Difícil convivência estar no desiquilíbrio das emoções frágeis sustentadas em caules mal-resolvidos. Dentro dos freios que limitam o homem a decidir entre o que o lhe domina em coragem ou falta-lhe em verdade, sob o que pouco diz acerca de absolutas incertezas do ser. “Giramundo” em torno das "incircuntâncias" lineares que forja o viver prazeroso banhado no mais delicado óleo de sentimentos perdidos. Os ossos que uma vez...outrora, enterrados foram deixados, serão revelados em incuguências dilacerantes...destoantes. “─ Sabe o âmago? Foi-se, de tão perdido em si mesmo, foi-se!” Há inverdades em pensar sobre si, e estas os olhos alheios não pode mirar, o que há de ínfimo não se toca, apenas se sente em sintonia. Solidificar nas entranhas desapercebidas das indiferenças sociais, negadas aos fracos, pulsos que já não captam o que pode sentir. Do mesmo caso daqueles que beijam em face, mas não a têm. Entoantes descasos, soltos, parado no vago, perdido vagará em degraus soltos, desprendidos de absoluta incerteza. E não é o que irá romper os ramos que já se forma e agora se desfaz. As vigas das paredes-muros "insujeitas" que já não há de sustentar mais, prenome e sem-nome.

domingo, 17 de junho de 2012

Amargo, sem tato, no prato


Duque: ─ O que te incomoda?
Duquesa: ─ Perdão?
Duque: ─ Percebi que depois do jantar saiu cabisbaixa e sem muito que se importar.
Duquesa: ─ Não há o que me importar!
Duque: ─ Como?
Duquesa: ─ Já não suporto tais reuniões sociais, me cansa, me consome.
Duque: ─ E por quê?
Duquesa: ─ Não vê como me olham? Como me investigam? Como me invadem?
Duque: ─ Não, não notei.
Duquesa: ─ Não notou porque é só mais um deles, mais um do covil, faz parte da trupe.
Duque:  ─ Não estou entendendo, o que tenho? O que eles têm?
Duquesa: ─ Eles não têm! É isso que é o trágico.
Duque: ─ O que neles te incomoda?
Duquesa: ─ O jeito que me olham, parece que me comem viva, devoram meus sentimentos, me vampirizam a mente, roubam meu ar, aprisionam minha razão, estrangulam minha coragem, falecem meu tato, trancam a minha voz, vedam meus olhos, estupram meu cérebro...
Duque: Pare!
Duquesa: ─ Não suporto o cinismo desenfreado alojado em seus corpos, suas tripas banhadas a vinho de traição, seus sorrisos debochados de reluzente ouro amargo, suas falas desdenhosas com odor de comida de urubu...
Duque: ─ Já disse! Pare!
Duquesa: ─ Atormenta-me suas propostas pútridas tal como solo de pântano amaldiçoado, seus forçados convites à covas onde não há defunto,  suas modalidades de martírio arraigado, suas juras de amor aleivosas ....
Duque: ─ Cale-se!
Duquesa: ─ Seus planos em paralelos transigentes desajustes que nunca há de chegar, suas tolices trepidantes como a presa que enxerga seu fim, seus pensamentos furtivos que aleijam a quem desejar...
Duque: ─ Amanhã, na primeira hora do dia, serás enforcada!

Duquesa: ─ Como me incomoda seus juízos clandestinos em terras de sal, suas ações que faz pubar a mais fértil das plantações, seus prestígios acaçapados na pior das canastras em ilha erma...

Louco


Não foge, nunca está encurralado, dá meia-volta no ritmo que se faz as coisas. Promove a inversão dos pólos, retorna os passos, retrocede, resgata, puxa de volta o “portão-ponte” e cumpri sua penitência.Volta ao ponto de saída, regressa, mergulha de volta as origens, migra ao zero.  “─ A razão do final está no início” prediz o velho sábio necromante.  Não se despede, nunca está perdido, seus passos firmes sempre sabe o caminho a seguir. O mundo? Está sobre a suas costas, ele é quem conduz. Besta nenhuma lhe agarra os calcanhares, sua destreza nos passos dribla a própria morte.

Mundo

       Tudo em pulsos se faz, é vivo o que se pisa. Embrião que congemina, reconstrói e revitaliza. Alimento mais íntimo, primeira costa verde, energia para quadrúpedes. Da semente dos galhos que desce ao chão a semear o útero-terra, em alimentar-se de si mesmo, de seus frutos. A semente que se transforma em outra árvore. “─ Só é mundo se devorar a si mesmo, é o ciclo que permeia a vida e faz o curso das coisas mover-se certo, de modo ideal.” O coração-fruto não mais será estripado, é a donzela sem algemas, o marcador ─ vida e morte, morte e vida ─ em eterno ritmo cíclico. União elemental para o despertar da nova consciência, para se cumprir o que prediz as profecias, o que estava escrito nas velhas escrituras: “─ Conheces o mundo? Conheça-te a ti mesmo!”

terça-feira, 1 de maio de 2012

Julgamento


Luz ─ divina ser ─ sob o clarão em ofuscar os olhos dos homens, ou enlouquecer? Do rio que desce dos montes, em via dupla, distintas, é caminho dual, é a luz e as sombras. Pelo exterior e o interior. “─ Sabe o caminho para o julgamento? Logo ali, atrás do tronco, é o lugar de sua queda!” À deriva do que vem do julgo: separação das peças, conhecer em face o que és, da palavra dita em sintonia ao ‘saber o certo’.

Em tirar as vestes “─ Prepare-se para a queda, tire todo o seu artifício, mostre-se tal como és.” Para brilhar a luz interior do ser, em não ter vergonha do corpo nu, ora ser o que és. Clarear entre justiça e injustiça, verdadeiro e duvidoso [...] Tocar ao fundo a essência que provém à existência, caminhar ao medo e a esperança, beber o mundo interior, beber em si.

Sol

Do iluminar que expande pelo horizonte, que a cada passo dado acorda a natureza, dança e segue o caminho da voz que enuncia a chegada do novo dia. Depois do cantar em uníssono das aves matinais, que busca restaurar o que foi perdido outrora. Em desfazer bonança, alavancar corpos, libertar os gritos, cessar o silêncio de desejo noturno, que toca partes desfeitas. Livrar a obscuridade de imenso deserto ─ em um só golpe ─ fazer falar a loucura. Desacorrentar os bichos, regar o solo e plantas, dar boas-vindas ao Grande Astro Pai.
De vozes não vistas que atroam ao longe, que incitam aos mortais a mirar a aparição divina que se ergue aos Céus. Sob braços de cura que aliviará e erguerá os enfermos. “ ─ É o brilho da Roda dos Astros que arrebata o orgulho e a razão, abscindi o ego, auri a veda dos olhos, outrora posta ali encadeando vertigens de loucura.”

Mira em símbolos, é a Morgana e a Guinevere, a loucura e a razão, copulam e geri o saber dos Deuses. Saber não convém loucura, nem a olhos alheios. Anterior à candura, a pureza, a doce leveza do ser, ao próprio ato da criança.

terça-feira, 6 de março de 2012

Estrela

Cá, entre muros, se faz o erro em sintonia de pureza, que chamará em cantos ‘pecado’: o ato faltoso em caráter, situação desmedida em culpar-se pelo o que outrora fora cometido, e expiar, em verdade, valores que se costuram sob peles de reles mortais. Em sentido genuíno, tropeçar não é saber o caminho por onde seguir; mas cair é. “ ─ O passo em falso é que conduz ciclos, em flores e estacas; em bosques sucumbidos deverás caminhar, até que ao fim do túnel a luz irá encontrar.”
Erro não é regressão, é transgressão. De princípio-valor se faz, direito validado pelo ego, carta na manga, segunda opção. "─ Quem caminhou e não caiu?" Tropeços brotam préstimos, amargos ou doces, alimentos de mundo ─ real ou irreal ─ sustento de vida. Mira o hexagrama “─ O que se faz em cima é o que se faz em baixo; do erro se faz a conquista, e não o contrário.”

Patinar e cair, voar e despencar, saltar e quebrar; não simples congêneres, partes do todo, peças complementares. Liberta-se-a destes? Liberdade não prontifica em valores externos; o curso das coisas-situações virá prontamente, pelos elos das correntes da vida.  Da chuva que cai, evapora, e volta. Do rio que banha o mar, que toca o individuo, que ingere, expele, volta ao útero-terra, evapora e segue. Da energia que não quebra, peca e falha, desvia caminho, mas sabe aonde chegar e onde precisa retornar. É ciclo, é caminho, é meio, é natural, é éter... é vida.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Casa dos Deuses



Não é casa sacra em total sutilidade de bonança; em que se banha de paz, em ventura, de bons fluídos. Em aspecto de casulo-abrigo deve se ater em perfuro a atingir o que de verossímil há em âmago, há em si; é o esvaecer de peles mórbidas, já não necessárias, e mostrar-se escalvado o que é o Eu. Livrar-lhe-á de arranjos-fantasias que não é precípuo de sentido-lógico ─ infixo que não desprende em vontade ─ que há em necessidade exonerar.
Do ato perspicaz em tomar as rédeas em momento-conjuro a situação alarda; fazer livrar os impróprios costumes de então reincidência de fatos. Em modo, que viver os atos sufrágios mecanismos desmedidos não é um tão valoroso pensamento. A refletir coisas paradas, não-alinhadas, de pouco-valia é por onde deve caminhar o homem sábio, que reconhece em cada canto seus valores penosos e não-bem-distruídos.

Em fazer refletir a soberba vida intrínseca em pensamentos destoantes, de orgulho desmesurado, em baldas não resgatadas por tato necessário. De não segurança em saber posicionar as engrenagens e fazer que a máquina flua o trabalho correto: que a matéria-prima tenha a moldagem física necessária ao caso, ao fato, a situação. Em irresoluto sentido, pós-reflexão, para a busca do exilir do cálice vital para o ato de vida.