segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Imperatriz

        Guardiã do código da experiência. O puro afeto, a que concede o espírito da existência, a que desperta, a que faz as coisas em volta caminharem. Concretização da inteligência, a inteligência que se esconde por detrás do poder, o instinto da selvageria, tão fecundo quanto fértil.
Seu dom é o controle das emoções: que a torna capaz de explorar as riquezas do coração, tão bem como as do espírito. Porém, também impregna a terra com seu cunho maternal: planta e brota o grão da vida para que desabroche em abundância. Representa os fluídos menstruais com excelência.
        Mas seu maior poder se vale dos afetos, daquilo que se aproxima e que também se afasta; daquilo que está na origem de todo ato realizado. Sua vigor é meramente sentimental. Sua assimilação é guiada pelo instinto, o que a faz espontânea. É de veras, mas também e a que pensa com a alma.  Em uma mão, ostenta o domínio atemporal que mantém sobre a matéria de tudo que existe, seja no mundo físico ou espiritual.  Tem a força, a coragem, o fogo sagrado da águia imperial, cravado no escudo que ostenta na outra mão. 

Papisa


        O ato de viver pode até assemelhar-se ao ato de jogar, mas ‘o jogar’ tem suas conseqüências, prediz ela. Para ensinar as regras, trás o livro dos mistérios da vida nas mãos. Tal livro guarda todo o conhecimento, que um dia foi repassado, reescrito, guardado; e que está sempre aberto às mentes curiosas, mesmo que ainda haja o medo em penetrá-lo.
O saber que esse livro trás não é o saber dos homens.  É minuciosa e escolhe o que bem aprende. Almeja as cordas que traçam a vida, os elos primitivos entre os seres; os sigilos da criação, que fazem o grão brotar sobre a terra.
Taciturna, sensitiva, senhora da sabedoria, reserva-se a manter o que já foi criado e prover por aquilo que ainda virá. Mergulhada em um eterno ciclo de transitoriedade, faz da mente e da psique a fonte do perpetuo saber.
Donzela da arte dos afazeres. Toca a vida, os seres, a matéria. Uma maga, ceifeira das almas. Propõe às criaturas o nascimento ou renascimento - o descortinamento do véu, a profecia.

Mago


         Joga, ilude, cria, pinta, poetiza. Vem e mostra, insistindo, o quão lúdica pode parecer a vida, e diz que a realidade é meramente temporal e existencial. E o tempo, aos seus olhos, é um simples jogar, um jogar no universo, é o brincar nas galáxias. Transforma o real numa ilusão: o real é uma projeção da mente que não deve ser considerada. Faz cair as máscaras, para livrar a vontade vaidosa. Abre a mente para a visão o ciclo da vida pelos olhos da criança; e, com os mesmos olhos, ser capaz de sentir o intervalo entre: o transformar e o reestruturar o mundo semelhante à nossa imaginação.