quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Enforcado


           Suspenso no vazio e balança-se...lança-se. Não prisioneiro de si e de nenhum dos tempos que virão. Receia, badala, fraqueja – tomado de abandono da perseverança, da comodidade, do esperar, da co-esperança. À desenvolver-se espera, o pendurado, à espera.
Afastado das funções mundanas, pondo em cheque o seu vazio ou o momento que se impregna pela espera da exatidão. Da não-exatidão de se postar entre a verdade que prende as lacunas-peças. Dentre os fatos em que vive a vontade de agir livremente e conscientemente lhe foram arrancados; a vontade guiada pelo livre-arbítrio empedernido.
Do verbo que não enunciado se assenta banhado de teor duvidoso, errôneo e fragilizado. Que lambear ou titubiar não é saber pelo caminho percorrer, mas é o desejo que foge a garganta ‘de beijar face-tentação’
“ – Se és vítima de suas baldas, és vítima de si mesmo.”
Vive enrolado do movimento desmedido, do livro não interpretado, da incerteza frágil da criança. Balanço que oscila da dupla incerteza que há entre ficar e o desejo de atirar-se.

2 comentários:

  1. Curioso. Tem um modo diferente de usas as palavras, de modo que estas se misturam e transformam-se em enigmas de difícil acesso. Preciosos contos, rapaz!

    Abraços

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  2. Que coisa... eu pretendia entender um pouco de você através de seus textos, mas vejo que é tão complexo em pensar e ao escrever. Que moço hermético e mistérico.

    Cheiro.

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